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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Poeta Russo


                 MAIAKOWSKI



Tortura, tritura, transfigura
teu imenso coração na moenda
deste engenho duro do verso!
Borbulhante no tacho a pura!
a  linfa do mel em oferenda!

Abelha vermelha! Bem acima
do sonho socialista - a rima!
Sublime sofrimento sensitivo,
Conceber firme a obra-prima
A serviço do utópico objetivo.

Diante da realidade tão vária,
comum, imediata, gregária,
assim estomacal e proletária,
engrandecê-la com uma ária
que simbolize a utopia diária!

Estrela vencedora no céu rubro
daquele memorável Outubro...
Vida, força, poesia ícone assim,
intérprete deste notável anelo
marcado pela foice e o martelo


Em poemas sobre um mundo
que estava em sua vontade
de poeta messiânico, forjado
à imagem e semelhança
do seu idealismo profundo!

Mas real na sua retórica assim
de arauto estóico da liberdade!
Entre Sísifo e Ícaro soava seu grito
que pairava azul sobre o Kremelim
como um sonho que virou mito...

Perseverança


            PERSEVERANÇA


Como a ostra que sofre estóica em sigilo
A gradual ação da dor num grão de areia,
A pessoa que fervorosa almeja segui-lo
Nos mínimos gestos de cada hora, creia:

É na fé que a dor encontra o melhor asilo!
Atormenta, desencanta, entristece, enleia,
Implacável perseguindo quem muito anseia
Transformar-se em seu devotado discípulo.

A única irresistível condição, o sacrifício!
Sem obstinada coragem, inútil é a crença!
Sem a vontade firme, tudo resulta difícil!

E só obterá como benção e recompensa,
Por sua determinação confiante e calma,
Saber que a pérola, é a sua própria alma!

                                           

Muros


                    MUROS





Não somos mais do que a parede.
Que nos separa e confina entre
o céu, o mar, a terra e o ventre,

nossa fome vital, nossa umbilical sede.
pelos olhos ocultamos a nua claridade
da alma sob a congênita privacidade.

De mãos dadas apenas formamos elos
circunstanciais, ninguém está aberto

ao diálogo dentro de nossos castelos.
Somos como o céu em pleno deserto.

A Musa


                     A MUSA

                                         para Alice Motta



Você é muito linda assim mesmo!
Você me deixa de coração a esmo!
Por você sou quixotesco, louco!
e acho que ainda é muito pouco!

Não é sua beleza somente
que faz você tão atraente!
Você tem mais fogo do que luz
na malícia lânguida desse olhar
que me envolve e seduz!

Gosto muito de sentir esse calor
perfumado de sua nudez de flor!

Maior do que o céu, o mar,
Sou eu a lhe amar!

Metapoesia


Metapoesia



De novo, o soneto!
             ovo de Fênix.

Também, trapézio!
Exige equilíbrio, conciliar extremos!
Entre o clitóris e o pênis:
Petrarca - Camões - Vinícius.

Temos deles os temas
dessa masmorra de art´fícios!

Forma antiga em eterna cantiga!
Concha bela, às vezes, sem pérola!

Por ela
                        o desafio,
                        o teste,
                        o duelo
do poeta com o artífice.

               Vence a poesia,
o vôo da alma com asa celeste!